terça-feira, 4 de setembro de 2018

Retomando um pensamento de dois anos atrás...

Mais de dois anos depois e ainda tenho a cara de pau de aparecer por aqui. Mas não vou fazer de conta que nada aconteceu, o que seria digno de uma cara de pau. O que talvez me desclassifique dessa nomenclatura.

Ok, vocês venceram! Não sou cara de pau!

Tendo dito isso,

Oi ornitorrincos!

Voltei! Pra ficar? Não sei. Provavelmente, não. Mas tive a intenção de aparecer por aqui para escrever algumas coisas e encontrei o rascunho de um post de julho de 2016. Eu estava em dúvida se deveria mesmo escrever sobre isso, mas ao ver que eu já estava escrevendo sobre o mesmo assunto dois anos atrás, pude sentir o empurrão que me faltava.

Nesse rascunho, eu começava falando sobre minha falta de vontade para escrever. O que também é bem parecido com essa janela de dois anos que eu sumi completamente desse espaço. As únicas coisas que escrevi nesse intervalo foram trabalhos para a faculdade. Currículos. Respostas para as perguntas: "Por que você quer trabalhar nessa empresa?". Não quero jogar a culpa do meu descaso com esse blog na conta da faculdade, mas infelizmente não posso deixar de atribuir pelo menos um pouco da culpa ao fato de que o terceiro e o quarto ano da graduação foram os mais difíceis, desgastantes, de todos. E ainda assim... eu trocaria de bom grado o quinto e último ano pelas correrias e desesperos dos anos anteriores.

Hoje eu vivo inerte no ar. É como se eu estivesse pairando entre duas realidades tão distintas e ao mesmo tempo extremamente parecidas. Desde que saí do meu estágio, alguns meses atrás, vivo uma cobrança dos meus pais, individual, das pessoas ao meu redor (mesmo que seja uma cobrança silenciosa. Eu sinto os julgamentos).

E porque eu digo duas realidades.

Eu não tenho mais aulas e nem estágio. Minha única pendência com a Universidade é o TFG (a maioria conhece como TCC) e ainda que eu tenha sim que vir para cá para as bancas, é bem verdade que eu poderia ajudar a fazer a distância. Mas eu não consigo ficar muito tempo em Jacutinga. Eu não sinto mais nenhum prazer em nenhuma atividade que eu faço lá. Não me sinto confortável nem em cantar. Pra ir na missa, prefiro ir aqui, onde ninguém me conhece e ninguém espera que eu vá pegar o microfone.

Não sinto vontade de ir em festa em Jacutinga. Sinto as pessoas me olhando, me julgando. Lá todo mundo sabe a minha história, eu sinto a dó que sentem de mim. Não me sinto bem. Se eu danço, "nossa, mas você é uma menina de igreja". Se eu beijo, "nossa, você não era assim".

Então eu prefiro ficar aqui em Itajubá. Tenho minhas amigas que eu amo muito, mas elas trabalham, tem seus compromissos. Eu passo os dias sozinha. E o que mais me assusta é saber do fundo do meu coração que essa vai ser a minha realidade daqui pra frente. Não consigo, não consigo me livrar dessa certeza. Eu já tentei ser otimista, aliás, eu tento todos os dias mostrar a minha alegria... Mas é muito sufocante.

E me sentir mal só piora quando eu me lembro da bondade de Deus na minha vida. Não vou dizer que não sou merecedora, porque seria ingratidão. Tive tantos milagres, Ele agiu de maneira tão clara tantas vezes e eu sei, EU SEI, que tanta mas tanta gente sofre por problemas de verdade. Eu não me sinto no direito de chorar ao olhar no espelho. Eu não me sinto no direito de me deixar desesperar e lembrar e reviver coisas do passado que me assombram. Eu tento tanto viver o presente, mas se eu passar a mão no rosto, se eu olhar no espelho, se eu sair na rua, o peito aperta. FORTE.

Se alguém já lia esse blog antes, me conhece, sabe do que eu estou falando, não vou repetir. Mas eu sempre menti. Eu sempre minto.

Eu falei a verdade, uma vez. Há dois anos atrás, dei o meu testemunho em um encontro da igreja, como de costume. Só que daquela vez, eu fui bem mais sincera comigo mesma e com as pessoas que estavam me ouvindo. Alguns, grandes amigos. Eu disse o que realmente sentia sobre tudo o que aconteceu comigo e o que eu ainda sinto por ser do jeito que eu sou. Que não era verdade todas as vezes que eu dizia que não ligava quando me olhavam diferente, que não percebia nada disso. E naquele momento em que eu estava abrindo o meu coração, achei que dali em diante tudo mudaria dentro de mim. Que eu só precisava admitir que não sou tão corajosa quanto todo mundo acha que eu sou.

Mas não foi bem assim.

Eu sei que fui ingênua em acreditar que isso me faria sentir melhor. Não fez diferença alguma. Eles me escutaram, mas acho que ninguém me ouviu. Me abraçaram, é claro, eu senti o carinho. Mas fui tão clara no que eu queria dizer. É óbvio que apenas aquela noite não me curaria. Não sei se não perceberam ou não souberam lidar. Ou se apenas não parecia importante mesmo.

Eu já presenciei e vivenciei inúmeros milagres. Grandes e pequenos. Mas eu luto todos os dias para que eu sinta de uma vez por todas o maior milagre que eu sei que Deus está tentando me fazer perceber: Que eu seja tão forte quanto aparento para tanta gente. Que eu seja amada, que eu ame... Que eu viva o presente e me esqueça de uma vez por todas do passado.