Que esse seu orgulho e amor por ser brasileiro seja sincero!

Oi ornitorrincos!

Hoje vou escrever pra vocês sobre um assunto que euzinha nuuunca me imaginei discutindo: futebol.
Mas Juliana que é Juliana não se limita a falar só sobre futebol, né? Vocês vão perceber que o que eu quero falar vai muito além disso.

Comentei no meu último post que eu estava toda alvoroçada por causa da Copa esse ano. E estou mesmo, o que é muito inédito. Nunca fui muito neurótica por causa disso, eu sempre vibrei e tudo, mas nunca me envolvi de verdade. Eu só vi o pentacampeonato e acho que era muito nova pra entender.. Acho não, eu era mesmo.

Depois disso, em 2006, a Copa aconteceu durante meu tratamento de quimioterapia. Eu estava internada no dia do jogo em que o Brasil foi eliminado pela França.. Vi todos os enfermeiros, os pais, as crianças que também estavam internadas lamentarem, foi a primeira derrota que eu presenciei intensamente. E isso parecia tão insignificante pra mim, que no momento estava lidando com as minhas próprias lutas.

A Copa de 2010 é um borrão pra mim, não me lembro se torci loucamente ou não hahahahahha Só sei que também achei a derrota para a Holanda insignificante.

Algo mudou entre copas.. Continuem lendo!


Hoje, essa Juliana de quatro anos depois, chorou. Chorou nas oitavas de final, quando a disputa foi resolvida nos pênaltis, e chorou de novo quando o herói da partida, Júlio César, se emocionou sendo entrevistado. E toda essa emoção é tão irônica pra mim, porque desde o início eu fui contra a copa ser no Brasil. Eu achava, e ainda acho, que o país tem muitas outras urgências.

Só que o meu "torcer contra" era apenas por ser aqui, acho que a maioria concorda que não temos estrutura para receber um evento desse porte. Mas a partir do momento que a Copa ia acontecer mesmo, qual seria a única opção, no mínimo, civilizada? Torcer contra o Brasil? Associar a possível vitória a compra da taça pelo governo brasileiro?

Se essa era a opção civilizada, me perdoem se eu não quiser fazer parte disso. Pela primeira vez na minha vida eu torci com uma determinação que eu nunca havia sentido antes, como algo bem próximo a mim dependesse disso. E eu quero ver quem vai me acusar de abaixar a cabeça para uma política que te distrai com esse tipo de entretenimento.

O que eu descobri com essa Copa é como o povo brasileiro se entrega por uma paixão. Eu, que nunca me senti brasileira por não gostar de futebol, não ligar pra samba, vejo hoje que ser brasileira é muito além disso. Essa entrega completa, esse amor pela seleção me fez ver com outros olhos o futebol no nosso país.

Torcer pela seleção é tão maior do que vencer alguma coisa.. É ser parte de um país que tão grande e tão diversificado, mas que se une a uma só voz na hora de cantar o hino, de cantar com toda a força que é brasileiro com muito orgulho, com muito amor. E se esse povo forte é o mesmo que não se mobiliza em outras situações, quem é você para julgar? Quem sou eu? Eu já fiz muito isso, e hoje me acho errada. O povo brasileiro pode se acomodar com algumas coisas, mas a raça de quem batalha todo dia é a mesma quando todos se reúnem por uma luta que pode até não parecer deles, mas que dentro do coração de cada um é o mesmo sentimento de vitória, ou derrota.

Hoje assisti triste a semifinal. Triste pelos guerreiros que estavam desacreditados, por uma multidão que os subestimou pela falta de um jogador. Gosto muito do Neymar, não me entendam mal. Mas ele não carregava o time nas costas, gente!! Desde sexta-feira o que eu mais vi em todos os lugares eram pessoas que debocharam de uma seleção sem Neymar. Pra que isso, ornitorrincos??

E o que mais me chateou nem foi a derrota. Como senão bastasse a humilhação dentro do campo, o sonho que ia embora na frente deles, vi muitas pessoas xingando, exaltando a Alemanha como se eles fossem a maior nação do mundo!! A hipocrisia de uns "brasileiros" é o que me fez escrever hoje. Porque enquanto o Brasil ganha, todos os jogadores são heróis. Sem a vitória, parece que o amor se esvai. E vai pra onde??

Tudo o que eu aprendi, sobre o amor e entrega do povo brasileiro, escorreu pelos meus olhos junto com a minha mágoa. O amor durou enquanto durou o sonho.. E quantas pessoas nós conhecemos que são assim, não é mesmo?

Compartilhei o pesar do guerreiro David Luiz. Rezei com Thiago Silva, que antes do jogo começar, disse que estaria na final em nome de Jesus. Senti as vibrações de Neymar, que mesmo de longe, esteve tão presente como qualquer outro jogador. São pessoas normais, ornitorrincos. Iguaizinhos e você e eu, que buscam por um sonho, só que amplificado por carregarem as esperanças de toda uma nação.

Mais do que jogadores, são brasileiros que deram o sangue para que todo o país pudesse vibrar. E assim como aconteceu na partida sofrida contra o Chile, que deixou (pelo menos os meus) nervos a flor da pele, essa é a hora de todo brasileiro honrar a garra que tem e mostrar apoio, e não o contrário. Sejam humanos!! Se coloquem no lugar de cada um deles!! Criticar é muito fácil, difícil é se responsabilizar pela alegria de todo o povo, se arriscar a levar pancada atrás de pancada pra colocar um sorriso no rosto das pessoas que eles sequer conhecem.

Ornitorrincos, eu conheço um pouquinho sobre sonhos e garra. Acho que isso é o que mais me aproximou desses nomes que mostraram humildade e paixão no campo, como David Luiz, Júlio César e Thiago Silva. Seres humanos, como nós. A responsabilidade "um pouquinho" maior que a nossa, mas reflexos de determinação e perseverança.

Hoje chorei com eles e por eles. Por você, que chorou ao lado deles, e por você, que nada fez a não ser reclamar nas redes sociais.

2018 é nossa. Fé e garra, sempre.

Beijos, ornitorrincos!