Hoje já faz mais de um ano que eu não escrevo aqui. E mais
uma vez eu não sei listar os motivos. Ou talvez saiba.
Esse lugar sempre foi o meu lugar de fuga. Na maioria das
vezes escrevi aqui triste. Muito era perceptível, mas as vezes não. E eu fui
tão feliz durante todo esse tempo que sumi do blog, me faltou vontade de
desabafar. Até que a inspiração me cutucou essa noite.
Agora eu gosto da minha faculdade, estou até bem satisfeita
em Itajubá. Talvez minhas amigas sejam as grandes responsáveis por isso, mas o
fato é que minha inquietação com o curso passou, aprendi a gostar. Foi inclusive
graças a minha faculdade que eu acabei realizando um dos meus muitos sonhos, o
de conhecer o Rio de Janeiro. Que experiência maravilhosa, ornitorrincos! Nada
vai conseguir descrever o meu deslumbre, a minha felicidade plena no pouco
tempo que passei lá. Fui genuína e extremamente feliz.
Além disso, em 2015 eu também fiz duas coisas que não
imaginava, cantei um casamento inteiro e na abertura do rodeio de Jacutinga,
ambas as vezes ao lado de um grande amigo meu. Também foram momentos marcantes
e emocionantes da minha vida. Acho que o casamento, principalmente, porque foi
a primeira vez que eu recebi por fazer aquilo que eu mais amo no mundo, que é
cantar.
Já em 2016, fui convidada para interpretar Maria no teatro
da Sexta Feira Santa da minha cidade e eu nunca imaginei que aquele 25 de março
seria o dia mais importante da minha vida.
Por volta das 11h da manhã da Sexta Feira, estávamos
ensaiando no largo da igreja quando começou a chover. Aí já fiquei nervosa, mas
quando a chuva passou, achei que ela pararia por aí mesmo. Só que depois das 14h
ela voltou. E não parou. As cortinas que já estavam no palco desmontaram, os
meninos ficaram embaixo de chuva para remontar tudo e eu... bem, eu estava em
um universo paralelo. Sabe quando você não consegue acreditar que aquilo está
realmente acontecendo com você, demora para cair a ficha?
Foi chegando perto da hora que estava marcada para o teatro
começar e a chuva ainda caía. Cogitou-se fazer dentro da igreja ou adiar para
domingo, ambas alternativas muito ruins para nós. Então alguém teve a ideia de puxar
um terço.
Todo mundo que estava dentro da igreja começou a rezar. Com
uma força, uma convicção que eu jamais havia visto. E acabando o último
mistério do terço, a notícia: a chuva parou. De verdade.
Daí eu já não cabia mais em mim.
Largo da igreja lotado. Encenamos. Estávamos extremamente
emocionados e passamos toda a emoção para quem estava nos assistindo.
Nossa, eu nunca chorei tanto em toda a minha vida. Chorei
antes, chorei durante minhas cenas, mas chorei principalmente depois. Porque a
felicidade era grande demais. Conseguimos, realizamos um espetáculo primoroso
mesmo diante de tantas adversidades e graças a um milagre que passou
diretamente da mão de Deus para dentro do nosso coração. Eu jamais vou esquecer
esse milagre.
Então tudo piorou.